domingo, 1 de julho de 2007

SPETSNAZ - Spetsialnoye Nazranie

O Spetsnaz é a unidade de elite das forças especiais da Federação Russa, que surgiu como unidade política após o desmoronamento da antiga União Soviética. Em toda a sua história o Spetsnaz demonstrou ser uma unidade de combate bastante aguerrida, e isto foi plenamente demonstrado durante a Guerra soviético-afegã. Um notável líder guerrilheiro afegão descreveu o Spetsnaz como "As únicas tropas soviéticas quer podem pensar por elas mesmas e tomar decisões rápidas”. Hoje mesmo com o fim da URSS as unidades Spetsnaz constam como uma das principais forças da ordem de batalha russa, embora as missões atribuídas as elas tenham mudado.

História
As unidades Spetsnaz eram um dos segredos mais bem guardados do antigo Pacto de Varsóvia e não está bem claro quando elas foram criadas pela União Soviética. Alguns acreditam que elas já existiam no início dos anos 50, como resultado das experiências militares russas durante a IIGM com forças especiais controladas pelo NKVD "Comissariado do Povo para Assuntos Internos". (precursor da KGB), tendo passado pela Hungria em 1956 e certamente pela Tchecoslováquia em 1968. Apesar disto o Ocidente só veio a tomar conhecimento delas no começo da década de 80 no Afeganistão.

O segredo de sua existência era tão bem guardado que foi proibido as homens que faziam parte dessas unidades admitir em púbico que faziam parte das mesmas ou que elas existiam. Eles usavam uniformes do exército, das forças aerotransportadas ou uniformes da marinha, com as suas respectivas insígnias. De fato, se durante a Guerra Fria não tivesse havido deserções de membros do Spetsnaz para o Ocidente, o segredo ainda seriam mantido por muito tempo. Até mesmo a Federação Russa só recentemente admitiu abertamente a sua existência.


Organização
O Spetsnaz ou Spetsialnoye Nazranie (Que pode ser traduzido como tropas especial) são vistas como tropas divisionárias de padrão elevado dos regimentos de infantaria aerotransportadas e navais e são controladas pelo GRU (Glavnoe razvedyvatel'noe upravlenie – Diretório de Inteligência Militar). Como tal, as suas capacidades são semelhantes as do SAS e SBS britânico e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA.
A Inteligência ocidental especula que nos tempos da URSS uma companhia independente do Spetsnaz tinha cerca de 135 homens e era ligada a cada um dos exércitos russos. Além disso, o Spetsnaz tinha unidades especiais de inteligência difundidas pelo país, e uma brigada ligada a cada frota naval. A flexibilidade de uma companhia Spetsnaz típica era vista como algo necessário, podendo-se vir a se dividir em 15 grupos independentes, sem assumir compromissos diretivos de missão ou efetividade operacional.
Uma brigada Spetsnaz era formada por cerca de 1.000 a 1.300 homens e consistia de um Q-G, três batalhões de pára-quedistas, uma companhia de comunicações, e tropas de apoio. Também incluía uma unidade anti-VIP (formada por militares profissionais, i.e., não conscritos) cuja missão era localizar, identifica e mata líderes políticos e militares do inimigo. Uma brigada do Spetsnaz naval tinha um Q-G, dois a três batalhões de mergulhadores de combate, um batalhão de pára-quedistas, unidades de apoio, e uma companhia anti-VIP.

Para entender melhor a organização das unidade Spetsnaz podemos dizer que as brigadas subdivididas em otriadi (batalhões ou regimentos) que são subdividido em companhias. Cada companhia é subdividida em spetsgruppi (um spetsgruppa é uma unidade menor que freqüentemente varia em tamanho, mas poderia ser equivalente a um pelotão). Dentro do spetsgruppa estão os spetsotedelyi que são equipe menores. Esta organização geralmente é verdadeira ao FSB, MVD e outras unidades militares de operações especiais.

Missões notáveis
Embora possam ser usadas para outros propósitos em tempo de paz, o seu papel principal é levar e executar missões críticas antes e durante uma guerra ou conflito. Tais tarefas incluiriam reconhecimento profundo de objetivos estratégicos; a destruição de centros estrategicamente importantes de C3 (Comando - Controle - e - Comunicações); a destruição dos sistemas de controle de armas estratégicas; demolição da infra-estrutura de transporte e abastecimento e o seqüestro ou assassinato de líderes importantes do inimigo (políticos e militares) para criar pânico em meio à população civil. Muitas destas missões seriam levadas a cabo antes que o inimigo pudesse reagir e algumas aconteceriam antes mesmo que a guerra ou conflito tivesse sido declarado.
Antes da invasão da Tchecoslováquia em 1968, o Aeroporto de Praga foi tomado por força especiais russas, antes que a força principal da invasão tivesse chegado. A operação foi observada pelo Ocidente, e concluiu-se que a tomada do aeroporto foi realizada por uma unidade altamente profissional, diferente de qualquer outra unidade soviética conhecida na ocasião. Esta unidade desconhecida foi identificada mais tarde como sendo o Spetsnaz.

Durante a Guerra Fria contra o Ocidente, acreditava-se que as tropas Spetsnaz realizaram um grande número de desembarques clandestinos na costa norte da OTAN, especialmente na Noruega (membro da OTAN) e Suécia. Eles tinham monitorado e traçado o perfil das instalações militares da OTAN no local como parte do levantamento de inteligência para possíveis invasões futuras realizadas pelo bloco soviético.


Acima: Spetsnaz operando no Afeganistão Durante a invasão soviética em 1980.

Durante a invasão soviética do Afeganistão em 1980 acreditasse que antes mesmo da força principal soviética ter chegado aquele país, unidades Spetsnaz junto com unidades especiais da KGB já tinham se infiltrado em sua capital, Kabul. Embora o Exército soviético tenha sofrido imensas perdas na guerra, o Spetsnaz provou ser um inimigo elástico e determinado para o Mujahideen afegão. Eles provaram ser uma ameaça séria para os afegãos e podiam realizar ataques mortíferos no terreno montanhoso, coisa que outras unidades soviéticas não se atreviam a fazer.

Treinamento
A maioria dos homens que servem no Spetsnaz são conscritos, que segundo se sabe, servem entre 12 a 24 meses. Oficiais do Spetsnaz regularmente visitam centros de recrutamento para selecionar jovens recrutas que se mostrem duros, inteligentes, e que tenham preferentemente habilidades lingüísticas e esportivas. Geralmente são escolhidos cerca de 100 recrutas. Os selecionados têm que passar por duro treinamento de dois com rígida disciplina, e onde são levados ao limite de sua resistência física. Normalmente ao final deste período restam apenas uns vinte homens do grupo inicial. Os não selecionados são transferidos para os regimentos de tropas aerotransportadas ou de assalto aéreo.

Acima: Recrutas dos Spetsnaz em treinamento.


Após esta fase os recrutas recebem treinamento especializado, que inclui saltos de pára-quedas, reconhecimento em profundidade, vigilância, fuga e evasão, sobrevivência em uma grande variedade de ambientes hostis, sabotagem, técnicas de assassinato em que usam facas de combate ou as mãos nuas, uso de explosivos, operação com rádios (de preferência de transmissão em ritmo acelerado que emite mensagens em blocos de oito a dez segundos e que evitam a detecção pelo inimigo), exercícios de resistência física e mental, camuflagem e exercícios táticos em uma variedade de terrenos e ambientes. Em fases mais avançadas eles passam por cursos intensivos de língua estrangeira e treinam técnicas de interrogatório de prisioneiro. Durante a Guerra Fria os soldados normalmente eram submetidos a interrogatórios simulados onde eram empregadas conhecidas técnicas ocidentais. Eles eram arrancados da cama no meio da noite, e levados para salas pequenas e mal iluminadas onde ficavam despidos e sem comida e eram interrogados as vezes por vários dias por oficiais do serviço de inteligência do Spetsnaz vestidos com uniformes da OTAN.

É claro que eles tem um completo treinamento em armas russas como o fuzil AKS-74 de 5.45mm,o Avtomat Nikonova-94, AN-94 já começou a substituí-lo, estando em uso nas unidades de Forças Especiais (Spetsnaz) e junto às tropas do Ministério do Interiora metralhadora RPK e a pistola automática PRI (com ou sem silenciador), que são as armas favoritas do Spetsnaz. Eles aprendem também a usar uma grande variedade de outras armas russas como o rifle especial para atiradores de elite VSS Vintorez (Vintovka snaiperskaia specialna Vintorez) de 9x39 mm SP-5 APs, as armas anti-tanque RPG-7D, RPG-18, RPG-22 e o lança-mísseis terra-ar SA-7 SAM Strela. Os homens do Spetsnaz também são treinados no manejo de armas estrangeiras especialmente americanas, inglesas, alemãs, francesas, italianas, finlandesas, suecas e israelense, como os fuzis M-16 (M-4), SA-80, FAMAS, GALIL, G-3, as metralhadoras MG-42, M-60, FN MAG, as sub-metralhadoras UZI, MP-5, Beretta, etc.


Acima: Spetsnaz realizando uma simulação. Note o fuzil AN-94 (Avtomat Nikonova-94 ).

Os homens destacados para as unidades navais do Spetsnaz também tem que aprender técnicas de mergulhadores de combate, o uso de armas e explosivos subaquáticos, infiltração ou exfiltração de praias usando canoas, botes, helicópteros, pára-quedas (nos casos de infiltração), submarinos ou mini-submarinos.

Pós-Guerra Fria

Algumas das repúblicas que se separaram da antiga União Soviética absorveram várias unidades Spetsnaz dentro de suas fronteiras ou converteram unidades de pára-quedistas para o papel de forças Spetsnaz. Dentro da Federação Russa as unidades Spetsnaz não são hoje tão bem treinadas e equipadas como antes, o número de soldados diminuiu, e o grau de prontidão é menor do que aquele apresentado durante a Guerra Fria. Na éopoca do império soviético o Spetsnaz chegou a contar com 16 brigadas, porém hoje segundo informações está reduzido a 6 brigadas.

Apesar de tudo isso, as unidades Spetsnaz continuam operando e mantidas sempre que possível envoltas em segredo. O seu número exato por exemplo desconhecido. Hoje as unidades Spetsnaz assumiram novos papeis como força antiterrorista para lidar com a crescente ameaça terrorista dentro e próxima das fronteiras russas.

Acreditasse que no início do Século 21 unidades Spetsnaz estão envolvidas em operações na Chechênia, apesar de se tratar de um conflito interno russo e uma boa parte das operações, inclusive as especiais, estarem sendo dirigidas por unidades do Ministério do Interior (MVD). Falou-se também que unidades Spetsnaz estiveram envolvidas de alguma forma nas operações secretas dos EUA na caçada e destruição do Taliban e da Al-Qaeda no Afeganistão, devido a sua longa experiência de combate naquela região.

Acima: Spetsnaz durante as operações na Chechênia.

A ameaça soviética das Spetsnaz a OTAN

Capt Erin E. Campbell, Usaf - Texto escrito em 1988

Em anos recentes, a doutrina militar soviética enfatizou cada vez mais o uso de forças não-convencionais para conduzir operações militares. Em conseqüência, os táticos soviéticos forçaram a necessidade de se empreender um ataque do tipo blitzkrieg com apoio de forças especiais para desbaratar as forças armadas da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte)antes que a guerra evolui-se para uma escala a nível nuclear.
Tradicionalmente, entretanto, os ocidentais planejam as guerras futuras primeiramente focalizando sua atenção nas armas termonucleares e em forças convencionais, sem conceder uma devida atenção a uma terceira dimensão dentro das operações militares soviéticas - sabotadores, agentes secretos e forças especiais. Esta terceira dimensão da guerra envolve essencialmente o uso das medidas militares ativas que são as operações especiais que envolvem a surpresa, o choque, e atividades de preempção nos escalões de retaguarda do inimigo com o objetivo final de se alcançar uma vitória rápida, produzindo as circunstâncias condescendentes para um avanço rápido da principal força de ataque soviética.
As tropas soviéticas agrupadas para cumprir estas ações preemptivas são as "tropas da finalidade especial" ou "de designação especial" (spetsnaznacheniya), mais conhecidas como forças Spetsnaz. Por causa do foco da doutrina militar soviética na necessidade para a surpresa e o preempção do uso de armas nucleares, as forças Spetsnaz desempenham um papel importante para a execução bem sucedida da estratégia soviética de guerra total. Além disso, a evidência atual indica que os soviéticos estão fortalecendo e preparando seu instrumento de forças Spetsnaz para dizimar as potencialidades militares da OTAN e organizações políticas ocidentais nas fases iniciais de um potencial ataque de surpresa contra a Europa Ocidental.

A estratégia para uma guerra da União Soviética contra a OTAN

A URSS não está ansiosa para debelar um conflito armado contra a Europa Ocidental. Todavia, isto não pode ser desprezado, e crises políticas, econômicas, ou uma junção das mesmas poderia levar a eclodir tal conflito. C. N. Donnelly (Chefe do Centro de Estudos Soviéticos, da Real Academia Militar de Sandhurst, Inglaterra) sugere que duas fases precederiam o inicio das hostilidades: a fase preparatória, e a fase crítica, projetada para empregar todas as medidas necessárias para explorar as fraquezas da OTAN e reduzir seu potencial do combate. Durante o estágio preparatório, o alvo preliminar dos soviéticos seria enfraquecer a capacidade ocidental de empreender a guerra nuclear, impedindo o desenvolvimento ou a distribuição de seus sistemas de arma ou esgotando a sua vontade política para usá-los. Isto seria realizado através de medidas ativas da política soviética - por exemplo, campanhas de propaganda, de desinformação, e o patrocínio de movimentos pacifistas ocidentais. Do ponto de vista soviético, é mais desejável operar-se exclusivamente neste nível, por meio do crescente poder de influência soviético na Europa e nos EUA. Isto faria com que a Europa fosse “finlandizada” e os EUA ficassem isolados.
Se estas medidas políticas ativas falhassem, entretanto, a pré-guerra seguiria para a fase crítica. Esta fase provavelmente começaria somente se algum aspecto importante da política soviética falhasse e se tornasse então aparente para à União Soviética que uma guerra seria, ou inevitável ou o único recurso por meio do qual a liderança política poderia conseguir um objetivo vital para a URSS. Nesta conjuntura, os soviéticos dariam início ao uso de métodos não-convencionais de guerra (i.e. as medidas ativas militares) para degradar a potencialidade de combate da OTAN, criando circunstâncias políticas e militares favoráveis para a fase seguinte da campanha, que seria o conflito aberto. Os soviéticos definem a guerra não-convencional como uma variedade das operações militares e paramilitares que incluem a guerra de guerrilha, a subversão e a sabotagem (conduzidas durante a paz e a guerra), o assassinato de lideranças, e outras operações especiais secretas ou clandestinas. Estas missões seriam atribuídas às unidades especiais do comitê da segurança do estado (KGB -- Komitet Gosudarstvennoy Bezopusnosti), ao Diretório Principal de Inteligência (GRU-Glavnoe Razvedyvatelnoe Upravienie), e às forças aerotransportadas, terrestres e navais, que possuem forças Spetsnaz. Neste estágio da crise, os soviéticos acionaram estas forças. No início, o objetivo soviético será o do colapso ou da neutralização política total dos governos chaves da OTAN. Como os assaltos militares frontais seriam menos eficazes em alcançar tal objetivo, a estratégia soviética enfatiza a necessidade que estas operações iniciais desenvolvidas no escalão da retaguarda do inimigo, sejam realizadas pelas forças Spetsnaz, cujas as operações tem o objetivo de lançar as sementes de um colapso político-militar completo. Certamente, o alvo dos soviéticos é impedir a formação de uma frente estática, de uma guerra de fronteira, com a OTAN de um lado e as forças do Pacto de Varsóvia do outro. Conseqüentemente, para se evitar isso, os soviéticos pretendem infiltrar unidades Spetsnaz na retaguarda da OTAN antes do início das hostilidades para que no momento propício possam começar a corroer a estrutura política e militar da OTAN por dentro, levando-a a sua ruína. Na década de 70, o exército soviético reconstruiu sua doutrina para "uma operação de penetração profunda" em circunstâncias convencionais, e determinou que a condição sine-qua-non para o sucesso era a surpresa.



Porém os soviéticos não esperam a surpresa total, acreditam que, se um grau suficiente de surpresa tática for conseguido, a mobilização da OTAN seria parcial, e talvez algum importante Corpo de Exército ainda estaria se movendo com certa dificuldade para as suas posições defensivas quando as hostilidades abertas tivessem começado. Assim, o interesse preliminar dos estrategistas e táticos soviéticos é o de lançar as operações da baixa-visibilidade que assegurem a surpresa, induzindo o inimigo a paralisia operacional, e obstruindo a sua mobilização e distribuição no campo de batalha. As atividades das unidades Spetsnaz seriam iniciada bem antes do início do avanço das principais forças do exército na parte dianteira do front, para assegurar o máximo de surpresa. Os soviéticos acreditam que as unidades Spetsnaz criariam tal rompimento na ordem da OTAN, que assegurariam ao grosso das forças soviéticas um avanço rápido, sem interrupções, ou seja um avanço bem sucedido. Os danos reais que uma pequena equipe Spetsnaz pode realizar seriam moderados; entretanto, o choque no moral nacional que resultaria de tais atos, como os assassinatos de políticos importantes, de empresários, comandantes militares, etc., seria desproporcionalmente maior em comparação ao pequeno custo de se tentar tal operação.
É essencial lembrar que estas operações Spetsnaz não estaam projetadas para resultar em uma vitória soviética em si, visto que sua tarefa tem por objetivo principal meramente reduzir a resistência do inimigo o bastante para que a força principal de ataque possa concluir as suas operações da forma mais abreviada possível e com menos riscos.

Missões em tempo de guerra
Antes do emprego das unidades de combate aerotransportadas e navais do Spetsnaz, que operariam como forças de comandos em auxílio aos exércitos soviéticos, os russos deslocariam para posições pré-selecionadas dentro do território inimigo, outras forças Spetsnaz que operariam disfarçadas.
Nessa fase de preparação, os soviéticos colocariam os seus comandos em suas embaixadas e consulados, disfarçados de pessoal técnico, seguranças, jardineiros, motoristas e assim por diante. Ao mesmo tempo, grupos de agentes profissionais do Spetsnaz entrariam em território inimigo como turistas, membros de delegações comerciais ou de equipes esportivas, ou ainda como passageiros de navios mercantes, ônibus e aviões civis, ou em caminhões de transporte. Também neste tempo, vários elementos do Spetsnaz iriam entrar em contato com agentes infiltrados a serviço da URSS para que estes pudessem dar apoio as operações secretas. Espera-se também que os agentes da KGB operem da mesma forma para conduzir suas próprias operações secretas, e que elementos da esquerda, comunistas ou simpatizantes, e possivelmente grupos terrorista locais financiados por Moscou, também sejam ativados para executar ou apoiar estas operações.Enquanto as missões das Spetsnaz são mais um elemento dentro do plano geral de operações dos soviéticos, eles acreditam que os objetivos dessas forças especiais só poderiam ser atingidos se as operações fossem desencadeadas de forma maciça atrás da retaguarda do inimigo, servindo de apoio para tropas aerotransportadas, a infantaria naval, as brigadas de assalto aéreo, as unidades de reconhecimento profundo, as equipes da KGB e grupos similares de outros membros do Pacto de Varsóvia. Conseqüentemente, as forças principais das Spetsnaz (funcionado como unidades de comandos) seriam lançadas simultaneamente em todas as áreas da frente de combate, enquanto as unidades de “atletas profissionais” e “homens de negócio” e do “corpo diplomático” seriam destacadas para as cidades estratégicas do inimigo, transformando esses lugares em uma frente de batalha também. As forças soviéticas das Spetsnaz que operariam no interior da Europa Ocidental perseguiriam primeiramente os seguintes objetivos preliminares alistados em sua ordem descendente de importância:


· A incapacitação ou destruição física de ogivas nucleares e químicas da OTAN, de seus meios de transporte, comando-controle, e de elementos relacionados ao seu lançamento – podem ser estratégicos (i.e. submarinos Polaris em suas bases) e táticos (i.e. sistemas de lançamento baseados em terra).
· O rompimento do comando, controle e comunicações da OTAN, e de seus elementos políticos, estratégicos e táticos. Isto inclui também a eliminação do pessoal em posições chaves.
· A incapacitação física de determinados equipamentos eletrônicos de alerta e de reconhecimento, de radares e de equipamentos de aviso antecipado, de equipamentos de defesa aérea e de vários outros tipos, e possivelmente de sistemas de alerta avançados de mísseis balísticos.
· A captura de aeródromos chaves e de portos para impedir o reforço das tropas, particularmente os que forem enviados dos EUA; a destruição ou a neutralização operacional dos aeródromos e dos portos, não vitais para a URSS, a destruição de estradas de ferro e junções de estrada chaves, que sejam importantes nos planos de mobilização do inimigo.
· A destruição de alvos e de instalações industriais chaves (centrais elétricas, refinarias de petróleo, indústrias militares, etc).
· Finalmente, devido a assinatura do tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (Preliminary Intermediate-range Nuclear Forces -- INF), em dezembro 1987, os recursos aéreos aliados e suas bases transformar-se-ão provavelmente em um alvo de grande prioridade para as forças das Spetsnaz depois que as armas de grande alcance forem desmontadas.
Preparações Contra OTAN
Nos últimos anos relatórios originários da Grã-Bretanha e Suécia indicam que os soviéticos podem estar neste momento posicionando e preparando elementos das Spetsnaz para um possível uso em uma guerra futura contra a Europa Ocidental.


Na Grã-Bretanha, desertores soviéticos disseram que a União Soviética estabeleceu um destacamento secreto de pessoal das Spetsnaz, formado exclusivamente por mulheres, na área circunvizinha da base da Real Força Aérea em Greenham Common, onde desde dezembro de 1983 mísseis Tomahawk americanos estão baseados.
De acordo com estes desertores, de três a seis agentes treinados vindos de países do Pacto de Varsóvia e do Ocidente - inclusive da Grã-Bretanha – se infiltraram nos grupos de protesto feministas que se agrupam em Greenham Common e estam a toda hora "presentes" junto a base. Estes agentes foram treinados em acampamentos situados nos Cárpatos, nos distritos militares do Ural e do Volga, na União Soviética ocidental. Lá réplicas realistas, em escala real, de lançadores de míssil de cruzeiro e de outros armamentos de Greenham foram construídas em acampamentos secretos para ajudar no treinamento das equipes das Spetsnaz .
Usando estas réplicas, as mulheres foram treinadas para atacar os locais dos mísseis antes do início de uma guerra contra a OTAN. Os desertores também disseram que a geografia destes acampamentos se assemelham com as áreas onde estão as várias instalações nucleares britânicas e francesas. Assim os operadores das Spetsnaz ensaiam seus ataques em um ambiente que simula com uma extraordinária semelhança a sua área de operação futura. Além disso nas condições atuais, é certo que os agentes infiltrados estão destacados para agir como "precursores" para outras equipes das Spetsnaz e tropas aerotransportadas que seriam usadas para atacar os mísseis.
Desde princípio da década de 80, que a Suécia tem sofrido de uma série de violações de suas águas territoriais por submarinos estrangeiros que foram identificados como soviéticos. Os relatórios emitidos pela marinha sueca sobre o assunto se tornaram púbicos em 27 de outubro de 1981 quando um submarino soviético da classe Whiskey ficou imobilizado em uma área restrita do arquipélago de Karlskrona em um incidente conhecido como “Whiskey on the rocks”. Quando o governo sueco emitiu um forte protesto formal, os soviéticos disseram que na verdade houve um erro de navegação, não intencional. Contudo outro incidente, aconteceu em outubro de 1982, quando submarinos estrangeiros entraram no arquipélago de Estocolmo - outra área militar restrita - e parte desta força penetrou até Harsfjarden, que é a principal base da marinha sueca. Apesar de uma longa caçada que durou cerca de um mês, as unidades suecas não conseguiram pegar nenhum submarino. Fotográficas liberadas mais tarde mostraram os rastros de mar feitos por estes submarinos.Três submarinos tinham conseguido penetrar pelos fiordes da muralha do mar da residência do Rei Carl Gustaf XVI.

Apesar da revelação pública das violações soviéticas das águas territoriais da Suécia, as incursões submarinas continuaram, apesar de todo embaraço público e, de fato, até aumentaram e ficaram mais descaradas. Antes de 1981, os submarinos soviéticos partiam das águas suecas assim que sua presença era detectada; com o passar do tempo eles se comportaram mais arrogantemente e permaneceram dentro da área restrita apesar das atividades navais suecas serem cada vez mais árduas tendo como objetivo reduzir essas operações de infiltração. Durante os anos setenta as violações submarinas tinha acontecido entre duas a nove vezes por ano. Em 1981 elas subiram para 10 e em 1982 a 40. Em 1983 o Chefe da Defesa Sueca informou que houveram 25 certas violações e pelo menos igual número de possíveis violações. Estes dados listados não se referem a meras observações, mas a dados de incidentes completamente analisados, determinando a caracterização final de cada violação, como provável, ou possíveis.
Numerosas tentativas de explicações emergiram para responder a razão destas incursões submarinas soviéticas. Uma grande variedade de missões militares foi sugerida - por exemplo, recolhimento de inteligência sobre as instalações de defesa e condições navegacionais na vizinhança das bases navais suecas; teste de novas armas; e observação de exercícios militares. Foi proposto que as incursões poderiam refletir uma mudança significativa na estratégia operacional da URSS no Báltico, baseado em sua predominância naval nos área. Especularam alguns que os soviéticos estavam tentando procurar abrigos seguros para os seus submarinos lançadores de mísseis nucleares em tempos de crise onde eles seriam dificilmente achados e onde forças ocidentais seriam altamente reservadas ao tentar destruí-los, por estarem tão perto de um país aliado ou de um litoral neutro. Porém, uma idéia também defendida por militares suecos foi que estas missões tinham o objetivo de desembarcar ou recolher equipes das Spetsnaz, que estavam em exercícios de treinamento e familiarização em as águas suecas, e testando as capacidades e técnicas militares suecas de detecção e administração de crises.
Uma comissão sueca encarregada de investigar estes incidentes com os submarinos soviéticos concluiu que a teoria de desembarques de unidades Spetsnaz era uma possível explicação. Um dos vários sinais que apontam nesta direção está no aumento das incursões submarinas na vizinhança de instalações de defesa permanentes na costa sueca; em outros anos, a atividade apareceu mais dirigida para os exercícios da marinha sueca e durante os testes de equipamentos militares. Além disso, Carl Bildt, um membro proeminente da Comissão Submarina Sueca, enfatizou a importância dentro da estratégia soviética de hoje, das forças diversionárias das Spetsnaz, que provavelmente desembarcariam de submarinos para empreender ataques de sabotagem a centros de comando cruciais, como também a instalações vitais, tanto militares como políticas.
Assim, não é improvável - particularmente se levando em conta a falta aparente de sucesso por parte da Suécia de apanhar os intrusos soviéticos - que os russos estariam realizando operações das Spetsnaz, que visavam testar as contingências tomadas pelos suecos em tais situações.
Finalmente, há conseqüências políticas e militares desconcertantes como resultado destas continuas incursões submarinas: os europeus parecem ter se tornado insensíveis às violações, a tal ponto que as mesmas foram relegadas à esfera de ocorrências cotidianas. A publicidade que cerca o relatório sensacional da Comissão Submarina Sueca, foi dissipada e caiu no esquecimento, e as novas incursões agora são tratadas como rotineiras. Como um observador destes incidentes lamentava: "Se a Suécia permite que intrusos operem livremente em águas sensíveis, o primeiro passo terá sido dado no campo psicológico, para a subserviência para com a União Soviética."

Amanhecer vermelho para OTAN?
Com a ênfase crescente na doutrina militar soviética em ganhar uma guerra sob circunstâncias nucleares ou não-nuclear, a União Soviética parece mais inclinada a empreender uma guerra do tipo blitzkrieg, empregando a surpresa e o choque, como meios facilitadores para se alcançar os seus objetivos. E as forças das Spetsnaz seriam extremamente importantes neste contexto. É significativo, entretanto, que um relatório do Congresso dos EUA, intitulado A OTAN e a nova ameaça soviética, apresentado ao Comitê das Forças Armadas em 1977, não fez nenhuma menção ao uso potencial de tais medidas ativas militares. Quando do reconhecimento aberto das operações das Spetsnaz emergiu finalmente no planejamento militar ocidental nos anos 80, uma grande consideração foi dada a estas forças, para se estimar a ameaça soviética à OTAN. Certas vulnerabilidades da OTAN, encorajam os soviéticos a usarem as forças Spetsnaz contra a Europa Ocidental. Como um miscelânea de nações independentes, a OTAN requereria provavelmente muitas horas para se chegar a uma ação unificada diante de um ataque soviético a Europa. Assim, as operações preemptivas – realizando ataques contra alvos militares e políticos – poderiam se mostrar tentadoras, porque os soviéticos puderam perceber que encontrarão pouca resistência inicial enquanto os líderes europeus ocidentais determinam que curso de ação irão tomar. Adicionalmente, os soviéticos e seus aliados do Pacto de Varsóvia tem uma superioridade numérica considerável em forças convencionais, e assim eles podem julgar imperativo remover ou neutralizar as forças nucleares da OTAN antes de um grande assalto militar, deixando a OTAN altamente debilitada e vulnerável as agressões soviéticas.
Em resumo, os soviéticos continuam com seus planos atuais de minar a Europa ocidental internamente, usando organizações que se opõem às políticas ocidentais de defesa, e que são manipuladas ou estão infiltradas por agentes soviéticos. Entretanto, há certas indicações de que os soviéticos atualmente estão reforçando a potencialidade das forças Spetsnaz, que certamente seriam usadas contra a Europa. Assim, enquanto a guerra aberta entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia não eclodir na Europa, os planejadores militares ocidentais devem aproveitar o seu tempo para se prepararem para combater contra a presença de forças das Spetsnaz na sua retaguarda quando a guerra ocorrer.

Um comentário:

Cradle disse...

Muito bom!os Spetsnaz são os melhores!